Lendas da Selecção (Parte V)



A liderança de Coluna e a classe de Germano

Nome: Humberto Manuel de Jesus Coelho

Data de nascimento: 20-5-1950

Naturalidade: Porto

Posição: defesa central

Clubes principais: Benfica e Paris Saint-Germain

Jogos pela Selecção Nacional: 64/6 golos

Estreia: 27-10-1968, em Lisboa, frente à Roménia (3-0)

Último jogo: 27-4-1983, em Moscovo, frente à Rússia (0-5)

Quando, naquela tarde fria de Moscovo, uma das mais negras da história da Selecção Nacional, Humberto Coelho, o «capitão» de Portugal, se ressentiu da lesão que lhe atormentava o joelho direito, não imaginava, com certeza, que estava a dizer adeus à equipa das quinas. Mas foi isso mesmo que aconteceu.

Humberto Coelho foi um dos mais extraordinários defesas centrais do futebol português e europeu. Aliava à capacidade de liderança de Coluna, que lhe valeu rapidamente o estatuto de «capitão» de equipa na Benfica e na Selecção Nacional, a classe de Germano. Com um toque muito seu, ainda: o de ter absorvido desde muito jovem essa característica moderna de um defesa central que o fazia surgir tanto na área defensiva como na área contrária, criando desequilíbrios e marcando golos.

A sua paixão pelo futebol foi sempre contrariada em casa, pelos pais, que queriam vê-lo continuar os estudos, algo que Humberto Coelho foi tentando, e com bons resultados, durante a sua adolescência, ao mesmo tempo que jogava nas camadas jovens do Ramaldense. Mas, aos 16 anos, o convite do Benfica foi irrecusável: 25 contos para o bolso do jovem Humberto, 40 contos para o clube de Ramalde. Durante duas épocas foi o grande «capitão» da equipa de juniores dos «encarnados», tendo como treinador Ângelo Martins, um dos campeões europeus. Foi numa digressão ao Brasil que se estreou, em Agosto de 1968, na equipa principal, sob orientação de Otto Glória, e num dos jogos até lhe coube a marcação a Pelé. Entrava no futebol maior pela porta grande.

Também foi pela porta grande que entrou na Selecção Nacional, então comandada por José Maria Antunes. Tinha apenas três meses de experiência na I Divisão e viria a ser «internacional» durante quinze anos. É, de certa forma, triste que a sua geração, composta por jogadores de talento insofismável, como João Alves ou António Oliveira, tenha falhado as fases finais dos Campeonatos do Mundo e da Europa. Por pouco, por muito pouco, Humberto Coelho não foi o «capitão» de Portugal no Europeu de 1984, em França. Já tinha cumprido sete campeonatos pelo Benfica (5 títulos de campeão); já tinha jogado duas épocas no Paris Saint-Germain (ainda longe do sucesso que viria a ter nos anos 90); voltara a Portugal e ao Benfica em 1977; comandara as «águias» nas suas novas aventuras europeias, no tempo de Sven-Göran Eriksson. Tinha 33 anos, mas era um dos indiscutíveis de Otto Glória, primeiro, e depois do quadrunvirato – Cabrita, Toni, Morais e José Augusto – que substituíram o brasileiro no cargo de Seleccionador. Portugal chegou a França, mas Humberto não. O joelho direito não deixou. Na véspera do jogo contra a Finlândia (5-0), em Alvalade, ficou definitivamente afastado do que poderia ter sido o momento mais brilhante da sua carreira fantástica.

64 jogos com a camisola dos cinco escudos azuis. E a presença na Minicopa, em 1972, no Brasil, uma das grandes sagas da história da Selecção Nacional. Durante um mês, em Natal, Recife, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, Portugal realizou exibições tremendas e obteve vitórias retumbantes num pequeno Campeonato do Mundo que obrigou os portugueses a 8 encontros, incluindo a final do torneio, perdida para o Brasil campeão do Mundo, em pleno Maracanã, com um golo de Jairzinho no último minuto (0-1). Humberto jogou todos os jogos.

Foi treinador do Salgueiros e do Braga, fundou a primeira Escola de Futebol em Portugal, surgiu sempre como um dos grandes candidatos à presidência do Benfica, viu as suas qualidades de técnico serem questionadas por comentadores sem autoridade. A isso respondeu, depois de ter sido nomeado Seleccionador Nacional em 1997, com a presença de Portugal na fase final do Euro 2000, na Holanda e na Bélgica, e com a conquista do 3º lugar, perdendo apenas a meia-final contra a França, campeã do Mundo. Novas perspectivas surgiram e ainda foi seleccionador de Marrocos e da Coreia do Sul.

1 comentários:

Anónimo disse...

Humberto foi o meu ídolo nacional enquanto que Maradona o foi no plano internacional.

Não me recordo de haver outro jogador português que entrasse directo na selecção nacional aos 18 anos e só saísse de lá por lesão. Titular indiscutível da selecção desde os dezoito anos nem o nosso Ronaldo.

Grande jogador, grande capitão.