Esclarecimento


Um ponto prévio: a Sport Lisboa e Benfica - Futebol, SAD não tem, nem nunca teve, qualquer problema em prestar todos os esclarecimentos que alguma entidade deste país entenda solicitar. A transparência e a credibilidade são dois dos valores resgatados ao longo dos anos por esta Administração e assim se manterá.
Posto isto, interessa esclarecer que a um regulador exige-se que actue sempre, e não apenas quando o mediatismo obriga. A um regulador deve-se exigir que intervenha quando os contornos de determinado negócio suscitem problemas de legalidade, e não para a avaliar as qualidades ou os méritos de quem o faz, ou questionar a improbabilidade ou a surpresa daquele. Esse não é o domínio da CMVM e, mais importante, não tem sido essa a sua prática.
A um regulador deve-se exigir que actue com uma inquestionável uniformidade de critérios, sendo inaceitável que imponha exigências diferenciadas em função das sociedades que superintende. A um regulador exige-se que actue quando entende actuar e não quando alguns comentadores, muitos deles desconhecendo os trâmites ou mecanismos do mercado, assim o sugerem.
É de tudo isto que falamos, quando avaliamos a forma como a CMVM actuou no caso da transferência do atleta Roberto Jimenez Gago, concretizada e validada em cartório notarial, e celebrada com uma sociedade desportiva e uma sociedade de direito espanhol e não com qualquer offshore das ilhas Cayman ou Bermuda, com as quais podem ser realizados todo o tipo de negócios, uma vez que relativamente a estes a CMVM parece estar desinteressada, pelo menos a sua pratica recente assim o indica.
É, por isso, legítimo reflectir sobre as razões que movem os responsáveis da CMVM em relação à Sport Lisboa e Benfica Futebol, SAD nesta, mas igualmente em outras situações anteriores, e o que não os move ou preocupa em relação a outras sociedades (veja-se, a título de exemplo, comunicados publicitados em www.cmvm.pt a 23.07.2011 [Alex Sandro], 13.05.2011 [Hulk], 17.05.2011 [James], 31.01.2011 [Liedson], 28.07.2010 [Walter], 21.12.2010 [James], 22.06.2008 [Rodríguez]).
Esta transferência, que vinha sendo discutida desde 24 de Junho de 2011, sustenta-se na mais estrita legalidade, desde logo evidenciada pelo facto de ter sido concretizada por via de escritura notarial, com uma sociedade desportiva da primeira Liga espanhola e uma outra sociedade de direito espanhol idónea e em relação de domínio com aquela primeira.
Por ouro lado, importa referir que os valores estabelecidos se encontram garantidos nomeadamente por títulos de crédito e a transferência aqui em causa foi já devidamente ratificada pelos “Administradores Concursales” (i.e Administradores Judiciais) da Real Zaragoza SAD.
A Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD repudia, desta forma sustentada, toda e qualquer suspeição que pretendam incidir sobre esta transferência, e anuncia que responsabilizará judicialmente todos aqueles que agiram ou venham a agir em sentido inverso.
A surpresa de uns, a insatisfação de outros ou a frustração evidenciada por outros tantos não legitima a suspeição que se tentou criar nas últimas horas e para a qual a CMVM, com a sua actuação também contribuiu.
O detalhe da informação prestada pela Sport Lisboa e Benfica – Futebol, SAD relativamente a esta transferência nunca antes foi exigida ou prestada por qualquer outra sociedade desportiva.

1 comentários:

Francisco Aragonêz disse...

Penso que a CMVM fez bem em pedir esclarecimentos à Benfica S.A.D. visto que esta entidade referiu ter vendido um activo ao Zaragoça por 8,6 Milhões de euros, quando posteriormente, a entidade compradora referiu que nada pagou.
Tudo ficou esclarecido, quando a Benfica S.A.D. comunicou que foi um "fundo" de jogadores que adquiriu o passe do jogador. Nada mais normal e, algo que acontece frequentemente.

Penso igualmente que o pedido, pela Benfica S.A.D. de desigualdade de tratamento em relação a outros clubes, tem igualmente fundamento.

A título de exemplo, como pode o F.C.Porto comprar o passe de Hulk a um clube da 2ª divisão uruguaia, quando toda a gente sabe, que este jogador estava vinculado a um clube japonês.

Óbvio que o clube comprador não tem culpa (como o Benfica não tem na venda do jogador Roberto), mas o vendedor é no mínimo, "suspeito", pois todos sabemos que o passe de Hulk era de empresários e não de um clube uruguaio.