Liga analisa eventual castigo ao Porto por causa de Leandro Lima
A Comissão Disciplinar (CD) da Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) está a averiguar se o Porto pode vir a ser responsabilizado pela documentação falsa com que Leandro Lima foi inscrito na Liga portuguesa. O médio regressou nesta semana aos treinos no Dragão depois de ter ido ao Brasil resolver o problema da idade falsa e há quem entenda que o Porto deve ser castigado à imagem do Belenenses no âmbito do Caso Meyong. A CD condenou o clube do Restelo, embora considere que este agiu sem culpa e o mesmo poderá ser aplicado ao Porto.
A CD está neste momento a avaliar as circunstâncias que envolvem o caso de Leandro Lima, conforme revela uma fonte da LPFP na Agência Lusa. Em curso estará um inquérito disciplinar sem prazo para uma resolução e em causa poderá estar o artigo 60 do Regulamento Disciplinar (RD), o mesmo que serve de base ao castigo aplicado ao Belenenses e que respeita à inclusão irregular de jogadores. Nele se prevê a pena de derrota mais a subtracção de 3 pontos e multa de 2500 a 10 mil euros, considerando-se que serão alvo de sanção os clubes que incluam na «ficha técnica» jogadores «que não estejam em condições regulamentares de o representarem» e que estão «especialmente impedidos» os atletas «castigados com suspensão», os que não possuam licença ou os que usem licença «sem preencherem os requisitos regulamentares».
Falta apurar se o caso de Leandro Lima se inscreve naqueles argumentos. Por si só é claro que o atleta poderá enfrentar uma sanção, já que o artigo 118 do RD preconiza para a utilização de documentos falsos uma «suspensão de 2 a 6 meses e multa de 625 a 2500 euros. No artigo 104 releva-se ainda a sanção aos dirigentes que «utilizem documentos falsos» no âmbito da inscrição de jogadores com pena de suspensão de um a 6 anos e multa de 2500 a 25 mil euros.
Mas a SAD portista terá sido também enganada no âmbito deste caso e José Manuel Meirim, especialista em direito desportivo, entende na Agência Lusa que «não é exigível que um clube se vá informar sobre a validade de um documento oficial, como Bilhete de Identidade ou passaporte», o que, na óptica deste jurista, «retira culpa ao clube». Já o caso do Belenenses, ainda segundo Meirim, é diferente, uma vez que estão em causa informações directamente relacionadas com a esfera desportiva. Relativamente a Leandro Lima, Meirim sublinha que a sua idade é irrelevante para a inscrição na Liga portuguesa.
Outra opinião tem Cunha Leal, antigo director-executivo da LPFP, que admite a possibilidade de uma penalização ao Porto ao abrigo do acórdão sobre Meyong, embora se manifeste contra o que lá vem expresso. «O que a CD vem dizer é que a Federação e a Liga não sabiam e ninguém lhes pode imputar a responsabilidade de terem que saber», enquanto «o Belenenses não sabia, mas devia saber», repara Cunha Leal na Lusa. À sombra desse princípio, o argumento «aplica-se a todos: é uma caixa de Pandora», conclui.
A haver uma eventual sanção aos dragões poderemos estar perante a perda de 27 pontos, 24 por derrota nos jogos onde Leandro Lima jogou e mais 3 de sanção adicional. O médio foi suplente utilizado em oito jogos do campeonato - em Braga (1-2), em Leiria (0-3), em Paços de Ferreira (0-2), em Coimbra (0-1), na recepção ao Marítimo (1-0), ao Boavista (2-0) e ao Belenenses (1-1) e na deslocação à Choupana (1-0). A concretização de um castigo nos termos referidos colocaria os dragões, à luz da classificação actual, no 11º lugar do campeonato sem hipóteses de revalidação do título e fora das competições europeias.
Entretanto o Belenenses confirmou nesta terça-feira o recurso ao Conselho de Justiça (CJ) da Federação Portuguesa de Futebol pelos 6 pontos de castigo que lhe foram aplicados pela CD por causa de Meyong. O clube fala de uma «situação imoral, indigna» e alega que «se houve alguma negligência, foi de quem licenciou o jogador».
Fotos: Lusa
Eu acrescento, que isto tem que ir até às últimas consequências, o Porto tem que ficar sem os 27 pontos, como o Belenenses fica sem 6, é claro como a água e tem que ir para a frente.
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