Lendas da Selecção (Final)

Para encerrar este espaço das Lendas da Selecção, que na totalidade pode ser consultado no site da FPF, a maior lenda do futebol português de todos os tempos!

O Rei Eusébio!

Eusébio - A imensidão de um nome (©FPF)


EUSÉBIO 1942-…
A imensidão de um nome

Nome: Eusébio da Silva Ferreira
Data de nascimento: 25-1-1942
Naturalidade: Lourenço Marques, Moçambique
Posição: avançado
Clubes principais: Benfica
Jogos pela Selecção Nacional: 64/41 golos
Estreia: 8-10-1961, no Luxemburgo, frente ao Luxemburgo (2-4)
Último jogo: 13-10-1973, em Lisboa, frente à Bulgária (2-2)

A importância de Eusébio na história da Selecção Nacional e de todo o futebol português é tão grande que se torna impossível reproduzi-la em meia dúzia de linhas ou, até, em meia dúzia de livros. Pode dizer-se, sem risco de exagero, que há, em Portugal, um futebol-pré-Eusébio e um futebol-pós-Eusébio. Desde que chegou a Lisboa e ao Benfica, vindo do seu bairro da Mafalala, em Lourenço Marques, e do Sporting de Lourenço Marques, envolto na confusão que foi a luta pela sua assinatura entre Benfica e Sporting – que o obrigou a seis meses de espera para começar a jogar na Metrópole -, Eusébio estava destinado a ser a figura maior não apenas do futebol, como, até, da sociedade portuguesa. A dimensão do seu nome ultrapassou fronteiras e línguas. E, em muitos lugares do Mundo, Eusébio e Portugal tornaram-se um sinónimo.

O seu estilo foi único e inconfundível. Os seus arranques devastadores com a bola controlada, os seus remates certeiros e de potência inaudita, os seus dribles em progressão que deixavam um, dois, três, quatro e cinco adversários para trás, como aconteceu no famoso jogo contra a Coreia do Norte, nos quartos de final do Mundial de 1966. Eusébio não se descreve: só vendo. E os números da sua carreira extraordinária falam por si: 15 épocas com o Benfica, 11 vezes campeão nacional, 5 vitórias na Taça de Portugal, 313 jogos efectuados na I Divisão, 320 golos marcados, 7 vezes melhor marcador do campeonato, 75 jogos nas taças europeias com 57 golos marcados, 41 golos marcados pela Selecção Nacional em 64 jogos…

À esquerda: Eusébio chora eliminação frente à Inglaterra no Mundial de 66
Ao centro: Eusébio representa a Equipa da Fifa em 1963
À direita: O sorriso da "Pantera" no encontro com o "Pássaro Negro", no jogo da conquista do bronze. (©FPF)

Figura maior do Benfica e de Portugal, Eusébio é, ainda hoje, trinta anos após o final da sua carreira, reconhecido e acarinhado onde quer que vá. Atingiu o gólgota dos mitos eternos do desporto mundial a um nível onde só uma restrita minoria foi capaz de chegar. A sua estreia na Selecção Nacional, em 1961, foi triste, no entanto. Apanhando a campanha de apuramento para o Mundial de 62 a meio, Eusébio vestiria pela primeira vez a camisola das quinas no Luxemburgo, pela mão do Seleccionador Nacional Fernando Peyroteo, num encontro que ficaria como um dos mais humilhantes do futebol português: derrota por 2-4. Apesar do golo marcado e da exibição positiva, o sonho do Mundial desfez-se. E o encontro derradeiro, em Wembley, frente à Inglaterra (0-2), serviu apenas para lançar nas ilhas britânicas a semente de uma adoração que se prolongaria para sempre.

«Pantera Negra», chamou-lhe um jornalista inglês, fascinado com o poder elástico de Eusébio. Os golos por Portugal brotaram com facilidade da mesma fonte de que iam brotando os que Eusébio marcava pelo Benfica. E o ritmo é impressionante: ao fim de 24 «internacionalizações» já leva 17 golos e transforma-se no melhor goleador de todos os tempos da Selecção Nacional. Chegaria aos 41 ao fim de 64 encontros, recorde que só seria batido, por Pauleta, trinta e dois anos após o seu último jogo pela «equipa de todos nós».

Eusébio em acção no jogo com o Brasil do Campeonato do Mundo de 66 (©FPF)

Eusébio foi a grande estrela do Campeonato do Mundo de 1966. Foi tão espectacular que ofuscou Pelé. O Mundo rendeu-se à sua classe e teceu hinos ao seu jogo entusiasmante, os convites milionários chegaram à Luz em catadupa, mas os «encarnados» recusaram-se sempre a libertar a sua maior bandeira. Melhor marcador da prova, com 9 golos, chorou como um menino depois da meia-final contra a Inglaterra (1-2) que afastou Portugal da final e dessa imagem fagueira de poder tornar-se Campeão do Mundo. Foi profundamente injusto que Eusébio não tenha voltado a estar presente na fase final de uma grande competição. A saga dos «Magriços» não teria repetição, se exceptuarmos aquele alegre Verão da Minicopa, vivido no Brasil, em 1972. Durante anos e anos, os adeptos portugueses chorariam por Eusébio. Muitos deles ainda choram.

Eusébio chora a eliminação frente à equipa anfitriã, a Inglaterra no Mundial de 66 (©FPF)

O final da sua carreira, no Benfica, também não teve a dignidade que a dimensão de Eusébio merecia. Massacrado por seis operações ao joelho esquerdo, foi espaçando as suas demonstrações de poder físico, embora mantivesse sempre a classe incomparável e o seu estatuto de melhor jogador português de todos os tempos. Jogou nos Estados Unidos e no México, voltou a ser campeão, passeou-se pela América do Norte no tempo em que era aí o eldorado de todos os grandes jogadores em final de carreira. No intervalos dos campeonatos americanos, vestiu a camisola do Beira-Mar e do União de Tomar. Foi adjunto de Sven-Göran Eriksson, na equipa técnica do Benfica, e assumiu, finalmente, o cargo de grande embaixador do clube da águia. E também da Selecção Nacional, estando sempre presente nos jogos decisivos de Portugal.


Após a brilhante participação no Mundial 66, Eusébio e a restante comitiva nacional foram recebidos em euforia na baixa de Lisboa (©FPF)


E para culminar nada melhor do que as imagens do que melhor sabia fazer ...

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