Lendas da Selecção (Parte II)

Depois do lançamento desta rúbrica no Águia de Ouro, todas as Quartas, sempre com a fonte a ser o site da Federação Portuguesa de Futebol, onde na parte das selecções se encontram as Lendas da Selecção.


A poucas horas do jogo com o Celtic, bem que fazia falta que o treinador-adjunto, Fernando Chalana, encarnasse em Di Maria ou Freddy Adu, e dizimasse completamente a defesa escocesa.



CHALANA 1959-…


O talento infinito do «Cyrano de Bérgerac»


Nome: Fernando Albino de Sousa Chalana

Data de nascimento: 10-2-1959

Naturalidade: Barreiro

Posição: extremo-esquerdo

Clubes principais: Benfica, Bordéus, Estrela da Amadora e Belenenses

Jogos pela Selecção Nacional: 27/2 golos Estreia: 17-11-1976, em Lisboa, frente à Dinamarca (1-0) Último jogo: 12-11-1988, em Gotemburgo, frente à Suécia (0-0)

Raramente se encontrava tanta dose de talento em figura tão estranha: um homem pequenino, de grande nariz, cabelo comprido e bigode grosso; um destro que jogava pela esquerda, com o pé esquerdo, e que se lembrava volta e meia que o pé direito era o «seu pé» e surpreendia os adversários e o público. Em 1984, durante o Europeu de França, fez as delícias da imprensa francesa. Chamaram-lhe Astérix e Cyrano de Bérgerac. Admiraram as suas fintas assombrosas, os seus passes perfeitos, os seus centros bem medidos, a forma como em espaços curtos se libertava de dois e três opositores para correr, depois, por todo aquele espaço livre que acabara de inventar.

Chalana foi, seguramente, um dos expoentes máximos do futebol português e da Selecção Nacional. Depois de tantas frustrações vividas após o Mundial 66, com Portugal a falhar consecutivamente as fases finais dos Campeonatos da Europa e do Mundo, Fernando Chalana foi a imagem de um país pequeno mas cheio de talento que se rebelava contra a ditadura dos mais fortes. A meia-final contra a França, em Marselha, foi um palco extraordinário para toda a sua capacidade. Apesar da dolorosa derrota (2-3), concedida no prolongamento, os malabarismos de Chalana, ora na esquerda, ora na direita do ataque português, deixando de joelhos os defesas franceses para criar um medo-pânico na sua grande-área, ficaram na retina de todos quantos tiveram a felicidade de assistir a esse jogo incrível e emocionante.

Depois de ter começado no Barreirense, Fernando Chalana tornou-se, num abrir e fechar de olhos, na coqueluche do Benfica. Com apenas 17 anos ganhou espaço na equipa e, apesar de duas fracturas graves, foi cumprindo o percurso que todos lhe vaticinavam: o de se tornar um dos melhores jogadores portugueses de todos os tempos. As suas exibições no Euro 84 quase que o obrigaram a sair para o estrangeiro. Escolheu Bordéus onde jogavam muitos daqueles que tinham sido seus adversários na célebre meia-final de Marselha – Tigana, Lacombe, Giresse, Batiston, Amoros – mas não foi feliz. Talvez o pequeno português não tivesse a alma de emigrante de tantos dos seus compatriotas… Uma lesão grave, na coxa, um tratamento mal feito, conflitos com os dirigentes bordaleses, tudo contribuiu para a tristeza de um homem que jogava um futebol feliz. Regressou a Portugal, ao Benfica e à Selecção Nacional. Num Estádio da Luz repleto, o jogo em que voltou a jogar com a camisola encarnada foi apoteótico: o público, adversários e companheiros aplaudiram demoradamente a sua entrada em campo, substituindo um companheiro. Mas as lesões não o abandonaram. Voltou a ter momentos de brilho intenso e a cair em fases de inactividade forçada. Sairia do Benfica a contragosto, jogaria no Belenenses e no Estrela da Amadora, tornar-se-ia treinador, primeiro nas camadas jovens, mais tarde nos seniores de equipas de menor expressão. Foi como técnico adjunto que voltou ao Benfica

1 comentários:

Anónimo disse...

Pois é...encarnar o Chalana no Di Maria e no Adu ia dar um jeitão ao SLB.
Já muito se disse do Fernando Chalana, mas quero relembrar duas jogadas fenomenais dele...uma ao serviço do Benfica em Aveiro, contra o Beira-mar em que fintou uns cinco ou 6 jogadores e entra com a bola pela baliza dentro, e em 1983 contra a URSS , num estádio da Luz a abarrotar, num campo enlameado, finta 3 russos...vai por ali fora até à grande área e ...penalty...por acaso não foi mas só a arrancada...de cortar a respiração...e depois no Euro 1984, fintava a seu belo prazer quem lhe aparecia pela frente...conclusão...um pé esquerdo que faz sonhar os C. Ronaldo, e o Quaresma...

PS: Quando diz que o "seu pé" era o direito...de facto era ambidestro, tanto usava o pé esquerdo como o direito, mas sempre pensei que era um esquerdino nato...e não um destro ... é que a maior parte das jogadas que se vêm dele, parece controlar preferencialmente a bola com o pé esquerdo...mas é apenas uma observação. Bonito texto, os meus parabéns:)