Como prometi, venho aqui fazer a minha análise quanto a vencedores e derrotados das eleições intercalares à Câmara Municipal de Lisboa.
Antes de mais, estas foram umas eleições atípicas, logo pelo facto de serem intercalares, depois pelo número exagerado de candidatos e por último pela percentagem enorme de abstenção.
Vou começar primeiro por aqueles que na minha opinião nem foram derrotados nem saíram vencedores:
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José Sá Fernandes e o Bloco de Esquerda, apesar da sua campanha de justiceiro, não conseguiu aumentar a votação do "seu" Bloco de Esquerda, elegendo da sua lista apenas um vereador.
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Rubén de Carvalho e a CDU, tal e qual como o seu colega de vereação, Ruben de Carvalho manteve a sua posição e a CDU confirma-se como a 3ª força partidária de Lisboa (e vou dizê-lo do país).
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Fernando Negrão, na minha opinião fez uma campanha leal sempre com o fantasma da gestão desastrosa do PSD no mandato que findou e não sendo uma figura de proa do partido apenas tinha que perder o menos possível, fez o melhor que pôde e quando assim é, a mais não se é obrigado.
Agora os derrotados:
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Marques Mendes e o PSD, o 2º maior partido do País, conseguiu ficar atrás de um independente numa votação para a maior câmara municipal do País. O seu líder, Marques Mendes, insistiu no cartão vermelho ao governo e agora tinha que assumir que o governo (segundo ele) teve um voto de confiança.
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Telmo Correia, Paulo Portas e o CDS-PP, as demissões de Telmo Correia de todos os lugares partidários que ocupava e a marcação de um Conselho Nacional Extraordinário mostram que ambos reconhecem o desastre que foi esta votação para o partido. Paulo Portas pode tirar como ilação principal que já não é o político bem visto de há uns anos atrás e que agora nada mais pode dar ao partido.
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Jerónimo de Sousa, e coloco apenas o líder e não o partido que dirige, porque Jerónimo de Sousa ainda não conseguiu distinguir eleições autárquicas de legislativas e que não era o governo que estava a ser julgado, mas sim a Câmara de Lisboa que tinha o seu destino a ser decidido. A cassete do PCP já está gasta e uma renovação exigia-se.
"The last, but not the least", os vencedores:
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Carmona Rodrigues e Helena Roseta, os dois candidatos independentes fizeram um trabalho notável e os resultados obtidos por ambos vêm premiar uma campanha com muito trabalho. Carmona conseguiu ficar à frente do seu partido, e Helena Roseta consegue eleger dois deputados o que foi muito bom para ambos.
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António Costa e o PS: à partida era certa a vitória de António Costa nestas eleições e os resultados só vieram confirmar o que se esperava, a maioria absoluta era impensável perante o número de candidatos existentes, agora António Costa tem que saber gerir sem alianças os destinos da Câmara Municipal e aproveitar cada um dos eleitos à câmara, para todos juntos por um objectivo, que é Lisboa, fazerem uma gestão correcta e eficaz dos destinos municipais.
Extras:Uma palavra para a abstenção, os políticos devem pensar que a enorme abstenção que se verificou é apenas e só devido à sua acção enquanto políticos. A imagem dos políticos em geral é negativa e apenas uma mudança de atitude da classe poderia mudar a opinião pública sobre eles.
Não ponho o Governo nem José Sócrates na minha análise, porque as eleições nada têm a ver com legislativas e quem pensava que podia fazer a sua campanha por aí teve a resposta.